No final da década de 90, houve uma sucessão de crises econômicas em diferentes países, como no Sudeste da Ásia, no México e na Rússia, resultando na instabilidade econômica e política internacional.
Com esse cenário, em 1999, o G20 foi criado como um fórum de diálogo para os ministros das Finanças e os chefes dos Bancos Centrais das principais economias do mundo. O grupo foi chamado de G20 Financeiro, e tinha como pauta principal os problemas econômicos em escala mundial.
Entre 2007 e 2008, uma crise econômica de grandes proporções atingiu o mundo e teve consequências para os países desenvolvidos e emergentes. Com esse novo desafio, o G20 mudou a sua estrutura em 2008 e passou a realizar reuniões com os chefes de Estado e chefes do Poder Executivo de seus respectivos participantes, tornando-se o G20 dos líderes.
Atualmente, os países do G20 respondem por 85% do PIB mundial e 75% do comércio internacional. Além disso, mais de dois terços da população mundial vivem nos territórios que integram o grupo.
Como funciona
As reuniões são organizadas a cada ano por um país diferente, que ocupa a presidência do bloco. O país sedia e organiza o encontro, se torna porta-voz do G20 e coordena os grupos de trabalho.
Pela primeira vez, o Brasil ocupa a presidência do grupo até o dia 30 de novembro de 2024. É uma oportunidade para pautar os temas a serem discutidos globalmente, retomando seu lugar de protagonismo mundial com trabalho, diálogo e exemplos.
Definida a agenda pelo país anfitrião, os preparativos são realizados por meio de reuniões ao longo do ano coordenadas pelos sherpas (encarregados pelos líderes para os assuntos de G20) e pelos seus ministros encarregados de diferentes assuntos, como economia e finanças, meio ambiente, educação e desenvolvimento. Esses encontros acontecem previamente à reunião de cúpula, a fim de preparar a agenda anual, de forma que os líderes possam concentrar a sua atenção nos pontos essenciais.
RJ sede
A sede da cúpula dos chefes de Estado do G20 2024 vai ser no Rio de Janeiro. É, mais uma vez, o RJ como sede dos grandes eventos globais. Esta é uma oportunidade única para mostrar nossas capacidades para receber o mundo em casa mais uma vez.
Temas prioritários da presidência Brasileira
A presidência brasileira definiu o mote do G20 para este ano como: “construindo um mundo mais justo e um planeta sustentável” com 3 eixos prioritários:
O combate à fome, à pobreza e à desigualdade;
O desenvolvimento sustentável sob o prisma econômico, social e ambiental;
A reforma da governança global.
Em consonância com as prioridades definidas pela presidência brasileira, foram criadas duas novas forças-tarefa, uma com foco no combate à desigualdade: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza; e o Combate às Mudanças Climáticas: a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
Dessa forma, o G20 ganha novas dimensões, no Brasil, focando em temas menos trabalhados em anos anteriores.
Estrutura
As discussões do G20 são feitas através de 2 trilhas: a Trilha Finanças e a Trilha Sherpa.
Trilha Financeira - deu origem ao G20 e é liderada pelos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais, que se concentram em questões econômicas e financeiras internacionais.
Estas questões são tratadas através de 9 Grupos de Trabalho dos seguintes temas:
Economia Global
Arquitetura Financeira Global
Infraestrutura
Finanças Sustentáveis
Taxação Internacional
Inclusão Financeira
Assuntos do Sistema Financeiro
G20 para a África
Finanças e Saúde
Trilha Sherpa - como o próprio nome sugere, esta trilha é liderada pelos Sherpas, ou seja, pelos enviados especiais dos líderes para o G20, e tratam de todos os temas que não são econômico-financeiros, em parcerias com os ministros responsáveis por cada uma das temáticas.
Esta trilha comporta os seguintes Grupos de Trabalho:
Agricultura
Anticorrupção
Bioeconomia
Comércio & Investimentos
Cultura
Desenvolvimento
Economia Digital
Educação
Emprego
Energia
Meio Ambiente
Mulheres
Pesquisa e Inovação
Redução de Desastres
Saúde
Turismo
Mudança do Clima
Combate à Fome
O Governo do Rio ainda apoia o Itamaraty e o Ministério da Fazenda em aspectos logísticos referentes a reuniões, recepções para autoridades, entre outros.
Grupos de Engajamento - Diálogos com a sociedade
Ao longo do ano, as reuniões do G20 acontecem nas trilhas oficiais: Sherpa e Financeira. Além dessas reuniões, o G20 dialoga com os chamados Grupos de Engajamento, de discussão temáticas conduzidas pela sociedade civil organizada. O objetivo é trazer o ponto de vista da sociedade para as reuniões governamentais.
Os Grupos de Engajamento são liderados pela iniciativa privada, entidades de classe e sociedade civil. Tratam dos seguintes temas: negócios (B20); Civil (C20); Trabalho (L20); Parliament (P20); Ciência (S20); Instituições Superiores de Controle (SAI20); Oceanos (O20); Startups (Startup20); Juventude (Y20); e Cortes Supremas (Supreme Courts20).
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O Urban 20 (U20) é o grupo de engajamento que se concentra ...
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O Supreme Audit Institutions (SAI20) é o grupo de engajamen...
O Oceans 20 (O20) é o grupo de engajamento que trata das qu...
B20 (Business 20)
O Business 20 (B20) é o grupo de engajamento que representa o setor empresarial no G20. Seu objetivo é conectar o setor empresarial com os governos para garantir que as políticas econômicas globais levem em consideração as perspectivas e necessidades do setor privado, fornecendo recomendações e perspectivas do setor privado para os líderes do grupo sobre questões econômicas globais, promovendo o crescimento econômico sustentável e a criação de empregos.
O B20 aborda uma ampla gama de questões econômicas, incluindo comércio internacional, investimento, crescimento econômico sustentável, inovação, emprego, desenvolvimento de infraestrutura e questões relacionadas aos negócios globais.
O B20 trabalha em colaboração com outros grupos de engajamento do G20, como o C20 (Civil 20), T20 (Think 20) e L20 (Labour 20), garantindo uma abordagem abrangente e inclusiva nas discussões.
S20 (Sience 20)
O Science20 (S20) é o grupo de engajamento que reúne especialistas e acadêmicos para destacar a importância da ciência, ao propor que evidências científicas contribuam para soluções eficientes em áreas como saúde, meio ambiente e inovação tecnológica. Durante a presidência do Brasil, a Acadêmia Brasileira de Ciências irá presidir as reuniões.
T20 (Think 20)
O Think 20 (T20) é o grupo de engajamento que reúne think tanks, instituições acadêmicas e especialistas para fornecer recomendações de políticas aos líderes do G20. O T20 atua como um fórum intelectual, contribuindo com análises e pesquisas em diversas áreas para orientar as discussões e decisões do G20 em temas globais relevantes.
O T20 realiza pesquisas e análises em uma variedade de áreas, incluindo economia, comércio, mudanças climáticas, inovação, governança global e outros tópicos críticos. Com base nesse trabalho, o T20 desenvolve recomendações de políticas que são compartilhadas com os líderes do G20.
Assim como o B20 e o C20, o T20 colabora com outros grupos de engajamento do G20 para garantir uma abordagem abrangente nas discussões. A interação entre esses grupos busca integrar perspectivas diversas, promovendo soluções mais equitativas e sustentáveis.
C20 (Civil 20)
O Civil 20 (C20) é o grupo de engajamento estabelecido para garantir que a sociedade civil tenha uma voz nas discussões e decisões do G20. O grupo é composto por organizações não governamentais, grupos de reflexão, sindicatos, organizações de direitos humanos e outros representantes da sociedade civil. O C20 se dedica a promover uma ampla gama de questões, incluindo desenvolvimento sustentável, justiça social, igualdade de gênero, direitos humanos, mudanças climáticas e outros temas relevantes.
Os participantes do C20 trabalham para desenvolver recomendações e propostas que são apresentadas aos líderes do G20 durante as cúpulas anuais. Essas recomendações buscam influenciar as políticas e ações dos líderes do G20, promovendo abordagens mais inclusivas e equitativas para os desafios globais.
L20 (Labour 20)
O Labour 20 (L20) é o grupo de engajamento que representa os interesses dos trabalhadores e sindicatos. Seu foco principal está nas questões relacionadas ao emprego, condições de trabalho e direitos dos trabalhadores.
O L20 é composto por sindicatos, organizações trabalhistas e representantes dos trabalhadores. Seu objetivo é garantir que as políticas econômicas globais considerem as necessidades e interesses dos trabalhadores, promovendo condições de trabalho justas e dignas. Isso inclui a defesa de salários justos, condições seguras de trabalho, direitos sindicais e outras questões relacionadas ao emprego.
Assim como os outros grupos de engajamento do G20, o L20 colabora com o B20, C20 e T20 para assegurar uma abordagem abrangente nas discussões. A colaboração busca integrar perspectivas variadas e promover soluções equitativas.
W20 (Women 20)
O Women 20 (W20) é o grupo de engajamento que se concentra em questões relacionadas à igualdade de gênero e empoderamento das mulheres. O W20 atua como um fórum para promover políticas que abordem as desigualdades de gênero e garantam a participação plena e igualitária das mulheres nas esferas econômica, social e política.
O W20 trabalha em colaboração com os outros grupos de engajamento do G20, como B20, C20, T20 e L20. Essa colaboração visa integrar uma abordagem abrangente e inclusiva para enfrentar desafios globais, reconhecendo a interseccionalidade das questões relacionadas ao gênero.
Y20 (Youth 20)
O Youth 20 (Y20) é o grupo de engajamento do G20 que representa jovens de todo o mundo, composto por jovens líderes, ativistas e representantes de organizações da sociedade civil. O grupo busca refletir sobre a diversidade de perspectivas e experiências da juventude em todo o mundo.
Y20 aborda uma variedade de questões que são particularmente relevantes para os jovens, incluindo emprego juvenil, educação, acesso à tecnologia, mudanças climáticas, justiça social, igualdade de gênero, entre outras.
Além de apresentar recomendações específicas, o Y20 advoga pela inclusão significativa dos jovens nas tomadas de decisões globais. Isso envolve a promoção da participação ativa dos jovens em processos políticos e a criação de espaços para que suas vozes sejam ouvidas.
U20 (Urban 20)
O Urban 20 (U20) é o grupo de engajamento que se concentra em questões urbanas e municipais. Ele foi criado para permitir que líderes de cidades ao redor do mundo participem das discussões sobre políticas globais no contexto do G20. O objetivo principal do U20 é influenciar a agenda do G20 com uma perspectiva urbana, considerando os desafios específicos enfrentados por estas localidades e promovendo a inclusão de cidades nas discussões globais.
Diferentemente de outros grupos de engajamento do G20, o U20 envolve diretamente cidades em suas discussões. Representantes de grandes cidades de todo o mundo participam ativamente para discutir e propor soluções para desafios urbanos.
O U20 aborda uma variedade de temas, incluindo planejamento sustentável, mobilidade, resiliência urbana, governança local, mudanças climáticas, entre outros. O grupo elabora recomendações e propostas que são apresentadas aos líderes do G20. Essas recomendações refletem as preocupações e necessidades das cidades, contribuindo assim para a formulação de políticas globais mais abrangentes.
J20 (Supreme Courts and Constitutional Courts 20)
O Supreme Courts and Constitutional Courts (J20) é o grupo de engajamento que cuida das questões jurídicas relevantes na contemporaneidade, estabelecendo um fórum global para órgãos de jurisdição constitucional.
Durante a presidência brasileira do G20 em 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil será responsável por organizar o J20, convidando os presidentes das Cortes Supremas dos países do G20, da União Europeia e da União Africana.
A iniciativa busca impulsionar projetos de cooperação tanto multilateral quanto bilateral, com enfoque em temas cruciais, tais como: Promoção da cidadania e inclusão social pelo Poder Judiciário; abordagem da litigância climática e promoção do desenvolvimento sustentável; exploração da transformação digital e utilização da tecnologia para otimização da eficiência no âmbito judicial.
P20 (Parliament 20)
O Parliament 20 (P20) é o grupo de engajamento liderado pelos presidentes dos parlamentos dos países do G20.
O grupo tem como objetivo unir os parlamentos para fortalecer a colaboração global e garantir que os acordos internacionais sejam aplicados nos países do G20. Os parlamentares desempenham um papel importante na orientação dos governos, tornando o P20 uma plataforma poderosa para que os parlamentos dos países do G20 contribuam nos debates sobre questões globais.
Startup 20
O Startup20 (S20) é o grupo de engajamento que estabelece um diálogo aberto entre as diversas partes interessadas no ecossistema de startups e tecnologia, bem como as pequenas e médias empresas (PMEs), destacando as preocupações e desafios do setor aos líderes do G20.
O Startup20, embora seja um agrupamento recente, criado no último G20 em 2023, já assinala como sua conquista principal a formulação de um Comunicado e o comprometimento das nações do G20 em investir conjuntamente US$1 trilhão anualmente no ecossistema global de startups até 2030.
As diretrizes estratégicas do grupo de envolvimento concentram-se em três pilares principais e suas implicações em empresas de pequeno e médio porte: ESG (Ambiental, Social e Governança), investimentos e políticas e regulamentações. Dessa forma, busca-se:
Promover oportunidades de colaboração e negócios entre os países membros; Estabelecer orientações significativas para impulsionar a inovação, a formação de redes entre startups e a promoção de negócios e investimentos; Estimular o ecossistema brasileiro de inovação e tecnologia; Contribuir para o desenvolvimento econômico do país e a redução das disparidades; Incentivar o fomento em inovação, seja através da atração de investimentos estrangeiros, do apoio ao empreendedorismo científico ou mesmo do fortalecimento do ecossistema de inovação.
SAI20 (Supreme Audit Institutions 20)
O Supreme Audit Institutions (SAI20) é o grupo de engajamento que desempenha um papel crucial no fortalecimento da cooperação entre as Instituições Superiores de Controle (ISCs) dos países membros do G20, em um compromisso de promover a transparência, a responsabilidade e a eficácia na governança global.
A origem do SAI20 está ligada à necessidade de criar uma plataforma que fortaleça o papel das Instituições Superiores de Controle (ISCs) como aliadas estratégicas dos governos do G20 na abordagem dos desafios globais. As ISCs desempenham uma função crucial na supervisão e auditoria dos gastos públicos, assegurando a transparência e a responsabilidade governamental.
A liderança do Tribunal de Contas da União (TCU) brasileiro no SAI20 tem como principal objetivo a elaboração de um Communiqué, uma declaração conjunta que resume as discussões, decisões e compromissos das próprias Instituições Superiores de Auditoria. Este documento incluirá recomendações pertinentes aos temas do G20 e servirá como um guia para as próximas ações do grupo.
O20 (Oceans 20)
O Oceans 20 (O20) é o grupo de engajamento que trata das questões dos oceanos e promove debates e busca de soluções criativas à sustentabilidade marinha e à utilização sustentável de seus recursos.
O O20 é coordenado pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, sediada na Universidade de São Paulo, em colaboração com o Pacto Global da ONU no Brasil, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO), além de diversos parceiros nacionais e internacionais.
O O20, que teve seu embrião nos últimos dois ciclos do G20, na Indonésia e na Índia, terá um papel crucial em continuar dando voz para a sociedade civil, considerando organizações não governamentais, iniciativa privada, povos indígenas e comunidades tradicionais e cientistas, por exemplo, para que as diferentes questões que permeiam o oceano possam ser visibilizadas.